Escola Engenharia > Fundações e Geotecnia > O que é Gabião, principais tipos, vantagens e desvantagens

O que é Gabião, principais tipos, vantagens e desvantagens

Gabião é um tipo de muro de arrimo utilizado para estabilizar encostas e taludes. Conheça características dos muros de gabião, tipos, método executivo e suas vantagens e desvantagens.

Por Caio Pereira • Atualizado em 21 de janeiro de 2019

O que é gabião?

Gabião é um muro de arrimo classificado como uma estrutura de contenção à gravidade e flexível. As estruturas de contenção são obras que visam oferecer estabilidade contra a ruptura de maciços de terra ou de rocha, evitando escorregamentos, desabamentos, rastejos, entre outros fenômenos causados pelo peso próprio ou carregamentos externos (construção de edificações, aterramentos, aumento da poro-pressão causado por fortes chuvas, etc.).

Muros de gabiões são muros constituídos por gaiolas metálicas formadas por fios de aço galvanizado (para que resistam às intempéries sem oxidar, podendo também, ser utilizada uma camada de PVC para maior resistência à corrosão) de malhas hexagonais com dupla torção. Estas gaiolas são preenchidas pelas pedras e organizadas manualmente ou com equipamentos mecânicos comuns.

As gaiolas são “costuradas” continuamente por um arame, formando estruturas monolíticas que serão preenchidas manualmente com as pedras. As peças são produzidas uma a uma no local definitivo da obra.

Os muros de arrimos são umas das estruturas mais antigas construídas pelo ser humano, porém apenas no século XVIII o dimensionamento racional e os modelos teóricos foram desenvolvidos. Já os gabiões, surgiram na Itália e foram utilizados pela primeira vez no século XIX. No Brasil, esta alternativa de estabilizar taludes, só começou a ser utilizada nos anos 70.

As contenções à gravidade utilizam o seu próprio peso para fornecer estabilidade aos taludes. Elas são divididas em estruturas rígidas, que são as construídas com materiais que não suportam deformações (concreto, pedras assentadas com argamassa, etc.) e as estruturas flexíveis, que são as construídas com materiais que aceitam e que podem sofrer deformações dentro de limites estipulados em projeto, sem que percam estabilidade e eficiência. O muro de gabião, por exemplo, se encaixa nesta segunda possibilidade.

Características do gabião

Os gabiões possuem características muito vantajosas na construção de estruturas de contenção, tanto de forma técnica como econômica, pois apresentam características funcionais que não existem em outras soluções de problemas geotécnicos, hidráulicos e de controle de erosão.

As principais características dos gabiões são:

Para que o muro seja bem executado e tenha um bom funcionamento, é necessário que se preste atenção na escolha dos materiais que serão utilizados, tanto nas características da malha metálica quanto ao agregado de enchimento.

A malha deve possuir alta resistência mecânica, alta resistência à corrosão, flexibilidade e não deve desfiar com facilidade. O melhor tipo de malha para esta função é a produzida por arames de baixo teor de carbono, revestidos com liga de zinco 95%, alumínio 5% e terras raras, podendo ter ou não revestimento plástico.

O agregado escolhido pode ser qualquer rocha ou material não friável. Normalmente, são utilizados basalto, seixo ou granito. A granulometria dessas rochas deve ser pelo menos 1,5 vez maior que a abertura da malha metálica. O importante é perceber se o material escolhido proporcionará peso, rigidez e resistência à estrutura para as obras de contenção.

Outras características são o baixo impacto ambiental, pois a matéria-prima utilizada no seu preenchimento é natural, além de permitir o desenvolvimento de vegetação entre as pedras, a facilidade de execução, que exclui a necessidade de mão-de-obra especializada, e a multifuncionalidade de aplicação.

Tipos de muro de gabião

Existem três tipos de muro de gabião que podem ser utilizados como muros de gravidade. Eles são:

Processo executivo do gabião

Após o dimensionamento e o projeto do muro feito por profissional habilitado, inicia-se o processo executivo. Para isso, realizam-se os serviços preliminares, que são o serviço de terraplanagem (escavação ou construção de aterro), limpeza do local e regularização da base.

Execução do gabião tipo caixa

Para a execução do gabião tipo caixa, recomenda-se que o muro tenha uma inclinação de 10% para dentro do talude. Dessa forma, quando o talude deformar e empurrar o muro, este ficará totalmente verticalizado. Recomenda-se também, que os degraus do muro de gabião sejam direcionados para a face do talude, fazendo com que o peso próprio do aterro atue na contenção. Deve-se construir canaletas para que o pé do muro seja protegido da erosão e saturação do solo causado pelo escoamento de água.

As “gaiolas” são montadas no local onde serão aplicadas. As telas devem estar estendidas e dobradas, de acordo com as instruções dadas pelo fabricante. Posteriormente, são colocados gabaritos na face frontal do muro, evitando a deformação da estrutura metálica.

Inicia-se o processo de preenchimento com as pedras, sendo aplicadas em três camadas, acomodando-as para que não sobrem muitos vazios. A cada camada (1/3 da altura do gabião), é recomendado que se aplique dois tirantes metálicos, sem esticá-los muito para não haver deformação da gaiola.

Após o total preenchimento com as pedras, fecham-se as gaiolas e inicia-se o processo de costura para fazer a ligação entre elas. A costura deve passar por todos os cantos. Após isso, os gabaritos desta primeira camada de gabiões são removidos e alinhados para que se inicie o procedimento de levantamento da segunda camada, que ocorrerá da mesma forma que a primeira.

Execução do gabião tipo colchão

A execução do gabião tipo colchão inicia-se retirando a base das peças e esticando a estrutura metálica sobre o local onde serão montadas. Recomenda-se o uso de sarrafos para o posicionamento corretos das dobras que servirão de guias para a altura do colchão.

Após a montagem das estruturas, estas são colocadas na face do talude. Se o talude for muito inclinado, deve-se utilizar estacas de madeira e grampos para estabilizar os colchões. Após isso, une-se os colchões costurando-os. Devem ser fixados tirantes verticais que unam a tampa e a base dos colchões para que não ocorram deformações das malhas metálicas.

Inicia-se então, o processo de enchimento dos colchões, que da mesma forma que o anterior, deve-se tomar cuidado no posicionamento das pedras para que não sobrem muitos vazios. As pedras devem passar, aproximadamente, 3 centímetros da altura do colchão.

Após o preenchimento, as tampas dos colchões são estendidas sobre eles, amarradas em uma das bordas e então, esticadas e amarradas ao longo das outras bordas, unindo também os colchões ao lado.

Execução do gabião tipo saco

Neste tipo de gabião, como a estrutura metálica é em forma de saco, a execução é a mais simples. A estrutura é preenchida com pedras ao lado da obra, e então, com o auxílio de gruas (ou equipamentos similares) coloca-se no local indicado em projeto.

Para este gabião, não há necessidade de um cuidado tão grande no enchimento com as pedras. Elas são colocadas de uma extremidade até a outra, e então fixam-se os tirantes internos, permitindo que o saco se mantenha paralelo ao seu corte longitudinal.

Vantagens do gabião

As principais vantagens deste muro são:

Desvantagens do gabião

A principal desvantagem é a avantajada largura da base, pois como é ela quem dá estabilidade ao muro, apresenta grandes dimensões, comprometendo faixas de terreno.

Quer citar este artigo em seu trabalho? Utilize o modelo abaixo:

PEREIRA, Caio. O que é Gabião, principais tipos, vantagens e desvantagens. Escola Engenharia, 2018. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/gabiao/. Acesso em: 3 de dezembro de 2024.

Copiado!

O que você achou deste conteúdo? Tem alguma dúvida? Conte nos comentários.

  1. Rosa Maria
    29 de novembro de 2019

    O conteúdo da matéria está desenvolvido de forma brilhante! Parabéns!!

  2. Eduardo
    9 de abril de 2018

    Gostei muito, ajudou a relembrar alguns pontos. Seria legal se na próxima fizessem sobre empuxo. Como não são frequentes os trabalhos, é normal que esquecemos de alguns tópicos importantes. Parabéns a todos pela iniciativa.

  3. Juares
    5 de abril de 2018

    Explanação excelente! Muito bem explicado, tirando todas as minhas dúvidas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *